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Não seja um mestre jogador.

  • Foto do escritor: Bruno Akira
    Bruno Akira
  • 18 de jan. de 2018
  • 7 min de leitura

Talvez seja um assunto que divida MUITO as opiniões porém é algo que estava pensando esses dias após o grupo para quem eu mestro terem terminado um arco da campanha e estarem em downtime de 4 meses com seus personagens.


Quando um mestre jogador se torna prejudicial ao grupo e como fazer com que seus NPCs sejam importantes e ao mesmo tempo não roubem a cena dos protagonistas da história (os jogadores, caso não tenha ficado explícito no DMG).




Em vários sistemas existem regras sobre o modo que o jogo se desenvolve, como meu foco é D&D vamos usar o estilo de jogo que o D&D propõe que é um mestre colocando desafios e encaminhando uma história enquanto jogadores tentam resolver os desafios e caminham pela história que o mestre está contando.


Não só isso os jogadores também ajudam a história se montar usando seus backgrounds (sim, isso é importante pra caramba) para criar profundidade no passado dos personagens e dar opções de NPCs, tramas e até aventuras inteiras baseadas nas vontades e ambições de cada personagem dos jogadores.


Porém, não é incomum um mestre que está mestrando seja por "falta de capacidade" (assunto para um próximo post) dos seus amigos ou por falta de interesse dos seus jogadores em tentar narrar uma ou duas aventuras deixando seu mestre de jogo se divertir um pouco na pele do jogador. Nós mestres ficamos muitas vezes com vontade de estar do lado oposto do DM screen, olhando aquelas rolagens invisíveis e tentando imaginar qual será o próximo desafio que irá pular na frente dele e a melhor forma de passar essa vontade é jogando.


E é ai que nasce o problemático "mestre jogador".



A ultima batalha do grupo foi enfrentar um Covenant de Bruxas juntamente com um covil... Yep, eu criei ações de covil e ações legendárias para Covenants de Bruxas, podem me chamar de sádico agora. Enquanto o grupo de jogadores foi enfrentar esse Covenant um grupo de NPCs foi enfrentar um outro problema que estava rolando nesse arco da campanha, se os jogadores tivessem optado por outro caminho teriam que enfrentar esse outro problema (Generais Orcs e uns montes de Orcs fortinhos junto com um Dragão Jovem).


Terminou que no caminho da exploração para achar o local que as Bruxas estavam eles toparam com um NPC (forte seria apelido pra ele) e como faria zero sentido pra esse NPC deixar os jogadores sozinhos tive que colocar ele para segui-los e "ajudar".


Já na aldeia onde as Bruxas estavam a luta começa com o NPC dizendo para o grupo explorar uma parte que ele iria para outra, nesse momento eu joguei o NPC contra as Bruxas dentro do covil e fiz os jogadores acharem outros inimigos mais "sussa" de derrotar. Um Gárgula (buffado) disfarçado de humano e um Tiefling assassino que eles já tinham ferrado bastante um pouco mais cedo naquele dia. E eles tomaram uma surra dessa Gárgula por dos 5 jogadores apenas 3 terem efetividade alta contra ele (magia e armas mágicas), enquanto a luta estava rolando o Ladino do grupo se separou e foi tentar ver o que tinha num local que emanava força mágica e deu de cara com o Tiefling escondido e começou um x1 enquanto o resto do grupo se virava com o outro monstro.


Após o combate e da vitória eles veem a cena de um Paladino saindo voando de uma capela sem um braço, todo ferido enquanto calmamente 3 figuras encapuzadas flutuam para a porta. Após comparar os status do NPC Paladino com as 3 Bruxas mais as ações lendárias de Covenant e de covil deu pra ver que ia ser um TPK lindo de assistir então manejei o combate para que o Paladino gastasse uma parte dos recursos das Bruxas e as enfraquecesse a ponto dos jogadores não tomarem uns danos meio bruto porém isso custou todos os recursos do NPC Paladino e quase a vida dele.


Rolou o combate contra as Bruxas, os jogadores sairam vitoriosos, hip hip urraaa!!!


E é assim que um mestre usa um NPC sem de fato jogar com esse NPC.


O problema do mestre jogador é justamente ter o poder de criar QUALQUER coisa e usar aquilo para ser o centro das atenções daquela aventura. Eu como mestre poderia ter dito que todos os ataques do Paladino eram críticos devido a espada que ele estava usando e derreter as 3 Bruxas ao mesmo tempo na base do Divine Smite e deixado os jogadores cuidado apenas da Gárgula e do Tiefling.


Ai eu pergunto, isso teria graça?


Sessões para descobrir que assassinatos e desaparecimentos eram para criar um covil de Bruxa e terem força para fazer um ritual que iria acontecer 6 dias depois da descoberta, tempo e esforço gasto para rastrear esse local, jogadores sendo controlados e quase matando aliados para no final disso tudo um Paladino nível Épico derrotar o desafio que deveria ser dos JOGADORES.


Um mestre jogador é muitas vezes alguém frustrado por não conseguir jogar ou não ter uma qualidade de mesa boa para jogo (essa sendo a mais comum) pois muitas vezes ele não consegue se divertir caso a sessão seja chata, os jogadores sejam "burros", o mestre não se esforce para criar um ambiente, clima e tudo mais. Tudo isso gera frustração pois TODO MUNDO MERECE JOGAR, inclusive nós mestres ai a única forma que ele acha de jogar com qualidade é na própria mesa.


Isso é triste, eu sei, porém conheci vários mestres dessa forma, que não conseguem mesas com o mínimo de qualidade pra jogar e saírem felizes da sessão e com isso descontam esse sentimento ruim de dentro deles criando um personagem que ele gostaria de jogar e usando ele como NPC "protagonista".


Aquele típico NPC que segue o grupo PRA TODO LADO. Que luta com o grupo, sugando assim o XP. Que divide os itens contando COM ELE, até por que não faria sentido ele acordar no outro dia com uma Dragon Lance e dizer "eu achei". Que pega os tesouros ou o pior, lidera o grupo...


Essa é a pior coisa, estar jogando com mestre liderando o grupo com um NPC extremamente maximizado dizendo o que você vai ou não vai fazer... Já passei por isso e é muito ruim.




Agora como ser o verdadeiro "Dungeon Master"? Como não atrapalhar seus jogadores com NPCs fortes dando ordens e ganhando as glórias?


Seja o Mestre dos Magos. Use NPCs que dão informações importantes, itens importantes, vão salvar você em momentos bestas e sumir na hora que você mais precisa deles. Assim como na série "Dungeons And Dragons", o "Dungeon Master" nunca fez nada além de falar ou agir aqui e ali. Não existe um episódio que ele tenha 90% de tempo aparecendo pois ele age apenas como guia das crianças e é assim que o Mestre deve agir, como um guia que conta a história e apresenta os problemas.


Seus NPCs devem seguir a mesma linha, lembre-se que eles não são estáticos, são criaturas vivas como você e eu então o mago que vende poções e pergaminhos pode ter saído pra almoçar no momento que você foi comprar itens para explorar uma caverna e acha que pode ser perigoso. Aquele Clérigo extremamente poderoso pode ter saído em missão no momento que você precisava de alguém para salvar a alma do Ladino do grupo que morreu no combate. O líder da Guilda dos Heróis que vocês estão pode simplesmente ter desaparecido desde o dia anterior sendo que estranhamente ele foi visto nessa manhã conversando com uma pessoa encapuzada.


NPCs são para gerar trama, informações e relacionamentos para os jogadores, não para tomarem as rédeas das missões. O Mestre está para jogar ao redor dos jogadores e não COM eles e sempre que você Mestre entender que seu poder é grande demais para estar ao lado do grupo de aventureiros que seus jogadores montou melhor será suas sessões sem tirar o protagonismo merecido deles.


E para terminar não confundam mestre jogador com NPC de plot.


Muitas vezes um plot de aventura ou até de uma campanha inteira pode ser virado para um NPC em especial que não só acompanha o grupo como também participa ATIVAMENTE das atividades dele. Marco Volo e suas aventuras é o exemplo clássico de um NPC que o mestre tem que controlar ativamente pois ele participa junto com os jogadores da aventura e não só isso, é parte fundamental dela.


Eu joguei essa aventura e consegui sobreviver a irritante companhia do Marco mas foi nesse momento que consegui perceber a diferença de um Mestre que joga com os players e de um NPC de plot que participa com os jogadores porém raramente influencia algo que acontece. Marco vez ou outra faz alguma besteira e cabe aos jogadores resolver porém um outro NPC com outras características iria criar outro tipo de problema ou até problema nenhum.


Um Bruxo que carrega um livro negro e diz que precisa entregar esse livro num local distante e pede escolta para o grupo dos jogadores e ai se passam 10 sessões com esse NPC seja ajudando ou atrapalhando o grupo enquanto eles descobrem cada vez mais coisas estranhas até finalmente o livro ser entregue apenas para terem que enfrentar um demônio fortão que o livro libertou.


Um Ladino jurado de morte que compra os serviços dos jogadores para proteção para eles descobrirem que o Ladino está sendo procurado por um nobre tirano que escraviza vilarejos de Halflings e os jogadores percebem que o Ladino possui informações importantes sobre os verdadeiros sucessores da coroa daquelas terras.


Esses e vários outros exemplos são de NPCs que estarão ativamente participando do grupo sem que o mestre atrapalhe pois tudo que eles vão gerar além de informações seria uma ajuda ou duas em determinadas situações, o Bruxo não consegue lutar devido a estar com suas capacidades mágicas seladas e o Ladino ser covarde demais para entrar num combate são duas explicações válidas para esses NPCs terem ainda menos "tempo de câmera" na aventura, sendo apenas pontos de referência para o básico da trama se mover.


E creio que é isso. Saber parar de jogar quando se é o Mestre da mesa é importante para não atrapalhar a diversão dos jogadores. Eu sei que as vezes a vontade de jogar é maior porém tente segurar e fazer isso numa outra mesa, com outra pessoa mestrando no seu lugar.


Espero que tenham gostado. Até a próxima e que Tymora abençoe os dados de vocês.

1 Comment


Wellington Valentin
Wellington Valentin
Jan 18, 2018

Vou contar como e por que costumo colocar um NPC Jogador na mesa. Eu costumo mestrar para jogadores novos ou mesmo novos sistemas, e muitas vezes uso do NPC Jogador para mostrar através do exemplo como funciona o sistema, sempre deixo bem claro que o NPC nunca irá tomar decisões, sempre crio ele com background para garantir isso, portanto o unico uso que esse NPC acaba tendo é mostrar de forma mais acertiva mecânicas novas e diferentes para os jogadores e geralmente acabo me livrando desse NPC uma vez que vejo que os jogadores já pegaram o jeito da coisa.

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